domingo, 10 de outubro de 2010

À procura da batida perfeita.

Estou sem mp3. De novo. Aí atrapalha. Por exemplo: é facinho correr uma hora na esteira ao som de Benjor, mas sem... Me mantenho por 15 minutos, até chegar as primeiras gotas de suor e o tédio. Começo a perceber que corro, corro e não saio do lugar. Com música, vou à tantos. Vou à Taj Mahal, vou pro Hawai, volto à Portugal, ao carnaval, aos meus 22 anos... Ah, meus 22 anos... Meus dispositivos sonoros são quase uma máquina do tempo.

E as músicas novas! Não encaixotem essa frase na caixa dos lançamentos! Novas são aquelas que eu descubro perdidas pelo mundo e passam a embalar meu dia de um jeito diferente, pra deixar o passado descansar um pouquinho. São presente pra trilha sonora da minha vida.

Ando querendo ir à um karaokê. Mas que não seja um daqueles cheios de "profissionais". Quero um onde que os interpretes cantam cheios de vontade, o que nem sempre equivale à afinação. Combina mais comigo e assim corro menos risco de levar tomatadas.

Às vezes consigo driblar essa minha vontade de lararirá. Durante a uma hora e pouca que chacoalho no 217 em direção ao trabalho pela manhã, alguns livros têm me ajudado a superar a falta de um bom som. Mas em outras eu sinto, sinto muito... Como quando tento pôr em ordem o mafuá do meu quarto. É praticamente impraticável sem um ritmo pra dinamizar a minha missão (quase) impossível.

Ritmo. É isso. Há que se ter certo ritmo para as coisas se desenrolarem. Um ritmo para cada coisa, um tempo, um batimento... ou uma batida. É, acho que é isso: A vontade de me encontrar com a batida perfeita.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Carinho de fim de tarde

Nas árvores em frente à minha casa moram morcegos. Quando eu era pequena achava que um deles podia invadir meu quarto à noite e, como naquelas histórias de terror, morder meu pescoço enquanto eu durmia. Mas eu tenho a sorte de ter morcegos bacanas como vizinhos. Hoje um deles dançou pra mim. Não sei se era porque a chuva estava chegando ou se por puro exibicionismo ele voava de uma árvore para a outra em frente à minha janela enquanto o céu escurecia. Quando ele parou as primeiras gotas começaram a cair. Com os braços cruzados no parapeito pude sentir os primeiros pingos me acariciando a pele por um tempinho. Na verdade a chuva não passou disso: alguns pingos que acariciavam o fim da tarde.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Um último beijo

Minha alma canta. Era assim que começava a música a soar dentro de mim quando o avião se aproximava do chão. Tem muita verdade nos clichês e realmente não há lugar como o nosso lar. Há um pouco mais de uma semana que revivo minha vidinha carioca e tem horas que parece que eu nunca estive fora. Estou muito, muito feliz mesmo, em estar de volta. Algumas pessoas me perguntam se eu não gostava de lá. Eu adorava. Lá é uma delícia, mas eu prefiro aqui, ainda que nem tudo seja flores.

É fácil pensar que há flores por todos os lados quando se está longe mas a realidade não é tão gentil quanto os nossos pensamentos. A coisa é que na 'terra dos pensamentos' dá pra brincar com a realidade e dar a ela os contornos que quiser. A 'terra firme' nem sempre sustenta essa ficção. A realidade é que a realidade daqui me rasgou por dentro. O que não é de todo mal. Quando mexe dentro da gente, a gente se mexe.

Esse é um post de despedida. Não sou muito boa em dizer tchau então não me admira nada que não seja o mais lindo post aqui publicado. Mas eu precisava de um último beijo. Um beijo de adeus. Por favor, sintam-se beijados com gosto de vinho do Porto e pastel de Belém.

É, é um post triste. Mas é também feliz na sua tristeza. Às vezes é preciso se desfazer de coisas queridas para abrir espaço para outras. A noviça rebelde me disse quando eu era pequenina que sempre que Deus fecha uma porta ele abre uma janela. É mais ou menos isso: fecho as portas do “Ora, pois!” e abro a janela do “Tertúlia em Caracóis”.

Obrigada a todos que leram com carinho as minhas palavras distantes, que me fizeram sorrir com comentários amáveis e me acompanharam até aqui. O simples fato de saber que vocês viveriam comigo cada letra foi meu maior incentivo. Obrigada especialmente para quem pediu que eu não parasse. Me convenceu. Agradeço mais uma vez e convido para entrarem pela janela. Confabulem comigo. Fiquem à vontade:

www.tertuliaemcaracois.blogspot.com

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estou a dois passos do paraíso

Em dois dias desembraco no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, vulgo Galeão, com muita bagagem a mais do que eu trouxe. Ponto.

Apesar o título prometer uma declaração à cidade maravihosa, este post não é para isso. É para dizer que seguem, abaixo deste, os dez dias da trip Poly, Angela, Barcelona, que inclui Porto, Lisboa e Girona também mas foram passagens para aquela que era a idéia principal. Teria sido bacana se eu colocasse um de cada vez nos seus respectivos dias mas só tive tempo de organizar melhor os textos agora, então, aí vão.

Décimo dia; 14/08

"Tudo que é bom dura o tempo necessário
para se tornar inesquecível."

Hora de dar "até logo" para Angela. Ela vai e eu fico mais dois dias. Passamos a manhã a organizar as coisas e enfim: aeroporto. Houve tempo de uma lazanha de mariscos antes de deixar a irmã mais linda que eu tenho pegar o vôo.

Foi um tempo bom que durou. Nem muito, nem pouco: durou. Foi tempo de malhar as batatas da perna, tocar e ver de verdade o que nos mostravam as fotografias online, tempo pra gente se conhecer mais e perceber que nos conhecemos pra além do que imaginávamos. Ainda que algumas coisas não sejam ditas, a gente sabe, e sabe que sabe. Era na propaganda da Sadia que dizia: "é bom saber que alguém te ama de verdade, bom saber que alguém e quer tão bem"? Acho que era... E o querer bem "apesar de" é a magia da coisa. Os apesares que fazem da relação algo especial. Saber que o nosso diferente tem um 'quê' de semelhante e que o nosso semelhante quem um 'quê' de diferente, como cantam no forró, incrementa a relação com essa aura cintilante. É o Amor, minha gente. Não tenho como me cansar de falar Nele.

O dia ainda estava pela metade quando a deixei o que me deu o privilégio de ir à Quinta da Regaleira, em Sintra. Descobri que em Sintra existe um Palácio da Pena! Pena que estava tão longe e não dava pra eu ir. Isso até me soa familiar. Mas o palácio está lá.

De volta a morada em Oeiras, estava eu a divagar com meu branquinho perolado quando o Joaquim sugere um filme:

- Já viu Avatar? Tenho aqui.

Avatar é mesmo um filme que agrada a todos. Ou quase. Tem o romance para os mais sentimentais, tiros o bombas aos montes para quem gosta de "filmes de macho" e tem ideal para aqueles que sonham. Talvez por isso que eu entre no hall dos que gostam. Talvez não. Talvez seja só uma questão de afeto. Talvez me afete. De fato tem uma das coisas que me afeta nesse filme, que me cutuca, são os rituais. Deixamos os nossos cairem no esquecimento, mas os rituais são aquilo que tornam um dia diferente dos outros. Pode ser por isso que, muitas vezes, os dias parecem todos iguais.

Por um motivo ou por outro, eu gosto do filme e foi o assistindo, comendo salada com um queijo, pra variar, delicioso, presunto bem fininho e bebendo algumas taças de vinho que dei boa noite ao último dia da trip Poly, Angela, Barcelona.

P.S.: Aquele presunto rosado que temos no Brasil, aqui chama-se fiambre. Presunto aqui é aquele bem vermelho e salgado que a gente chama de parma.

Nono dia; 13/08

Dia de conhecer a parte nova de Lisboa. Tour arquitetônico contemporâneo para deleite das lentes fotográficas de minha irmã: Parque das Nações, Pavilhão do Conhecimento - Ciência viva, Pavihão de Portugal (mais uma do Siza), e... o Oceanário! Um áquario central gigantesco, com tubarões, peixinhos e peixões. Fora pequenos outros aquários periféricos com tudo quanto é bicho marítimo e outras espécies em representações de habitat com água e terra firme.

Tinha pinguím! Um deles não parava de se exibir na água. Dançava batendo as perninhas e sacudindo o bico pra lá e pra cá. Tinha ainda uns outros que eu aposto que estavam namorando, num cantinho sussegado, deitados, um com a cabeça sobre o outro. Sao tão fofinhos, tão carinhosos, deve ser esse o motivo de cairem tão fácil no gosto da gente.

Tinha aqueles seres quase mágicos que se movem como plumas nas águas e brilham. Tinha estrelas do mar, dragões marinhos e sapinhos minúsculos. E tinha crianças de toda Europa a perambular pelos espaços tão maravihadas quanto eu. Algumas com seus pais, outras em colônia de férias. Pois é, os miúdos têm muitas opções de férias por aqui: atividades nas praias, nos museus, nos parques, cursos, albergues... que sonho!

Depois de ver tanta vida marinha deu vontade de mar. Partiu praia de Cascais! Para melhorar, matei um poquinho da saudade de Coimbra com a companhia de Joana Júlia. Ô coisa boa! Ainda sobrou um restino de energia para ir à um concerto na Casa da Pólvora: XVIII Festival Sete Sóis Sete Luas. Tinha fado, musica espanhola, italiana, árabes... belíssimo ver gente que canta e toca de verdade.

Não importa o calor que faça durante o dia, à noite um casaco se torna necessário e quase indispensável por aqui. O friozinho nos impele ao aconchego noturno. Foi bom pra encerrar o dia.

Nono dia; 13/08

Dia de conhecer a parte nova de Lisboa. Tour arquitetônico contemporâneo para deleite das lentes fotográficas de minha irmã: Parque das Nações, Pavilhão do Conhecimento - Ciência viva, Pavihão de Portugal (mais uma do Siza), e... o Oceanário! Um áquario central gigantesco, com tubarões, peixinhos e peixões. Fora pequenos outros aquários periféricos com tudo quanto é bicho marítimo e outras espécies em representações de habitat com água e terra firme.

Tinha pinguím! Um deles não parava de se exibir na água. Dançava batendo as perninhas e sacudindo o bico pra lá e pra cá. Tinha ainda uns outros que eu aposto que estavam namorando, num cantinho sussegado, deitados, um com a cabeça sobre o outro. Sao tão fofinhos, tão carinhosos, deve ser esse o motivo de cairem tão fácil no gosto da gente.

Tinha aqueles seres quase mágicos que se movem como plumas nas águas e brilham. Tinha estrelas do mar, dragões marinhos e sapinhos minúsculos. E tinha crianças de toda Europa a perambular pelos espaços tão maravihadas quanto eu. Algumas com seus pais, outras em colônia de férias. Pois é, os miúdos têm muitas opções de férias por aqui: atividades nas praias, nos museus, nos parques, cursos, albergues... que sonho!

Depois de ver tanta vida marinha deu vontade de mar. Partiu praia de Cascais! Para melhorar, matei um poquinho da saudade de Coimbra com a companhia de Joana Júlia. Ô coisa boa! Ainda sobrou um restino de energia para ir à um concerto na Casa da Pólvora: XVIII Festival Sete Sóis Sete Luas. Tinha fado, musica espanhola, italiana, árabes... belíssimo ver gente que canta e toca de verdade.

Não importa o calor que faça durante o dia, à noite um casaco se torna necessário e quase indispensável por aqui. O friozinho nos impele ao aconchego noturno. Foi bom pra encerrar o dia.